06 setembro 2015

Escala, sem parada ☯

Te deixei pra trás. Hoje você faz parte de alguma coisa na qual eu não me encaixo. Deixei algo no caminho mas não voltei pra buscar. A vida é constante transformação sabe? Tudo é pra sempre, mas nada é a mesma coisa pra sempre. A vida é um constante fim e um eterno recomeço. A gente nunca está pronta pra esperar alguém chegar ou deixar alguém ir. Quer a verdade? A gente nunca está pronto para as surpresas do universo. São mudanças que se alteram a cada segundo, o que era ontem não é mais hoje, e o que era ontem vai evaporar amanhã. Quase uma metamorfose. A gente insiste em ser os mesmos mesmo quando tudo é diferente. É igual a estrada: o destino é surpreendente, mas a estrada é solitária. Não me privo de sentir pelos outros. A pressa de chegar logo nos faz esquecer o que fica pra trás. As pessoas nas ruas, vão ficando, as casas, uma atrás da outras, com intervalos preenchidos por grandes nadas, ou por grandes árvores. A música de fundo falando sobre aleatórias mágoas do coração, tudo ficando e a gente indo. Mas eu te deixei pra trás, eu quis deixar e eu não abri o vidro pra olhar se você abanou pra mim, se lacrimejou, ou se gargalhou, eu não olhei pra trás pra te dizer "até logo", ou "até nunca mais", ou "espera aí que eu já volto". Eu simplesmente segui em frente. A música fazia todo sentido, mas as coisas haviam mudado. Talvez nossa vida seja assim, uma estrada solitária com trilhas sonoras de silêncios ou de gritos insurdescentes. Mas o caminho de nós mesmos não existem placas indicando se é esquerda ou direita, se é seguir reto ou dar meia volta, a gente só tem que ir. Não sabemos onde é, nem como chegar, mas reconhecemos ao cair de cara no destino, não sabíamos, mas sempre é surpreendente.


"With the birds I'll share this lonely view" (Com os pássaros vou compartilhar essa paisagem solitária) - Red Hot Chili Peppers