"Setenta e quatro
anos do Nove de Outubro. Ba, John Lennon, quanta coisa eu teria pra te falar.
Começaria explicando que 'Ba' é tipo uma onomatopeia que eu uso muito, tipo tua
compulsão pela palavra amor, e com certeza encontraria um sinônimo sofisticado
para a palavra "tipo", pois estaria dialogando com a pessoa que mais
entende de palavras nesse mundo. Cara, é clichê, eu sei, é que eu nem sei por
onde começar. Eu sou tão curiosa, acho que pediria até qual shampoo tu usa, ou
qual o número calça. Qual tua comida preferida, se é a mesma que mais gostava
de cozinhar, ou se sabe cozinhar. Eu juro que se eu pudesse, passaria uma tarde
toda tomando coca cola contigo, te "infernizando", te enchendo de
perguntas insignificantes, provando pra ti que minha curiosidade só não é maior
que esse amor todo que eu alimento dentro de mim. Como fez pra escrever tantas
canções, de onde buscou tamanha originalidade, por que toda vez que eu quero
chorar começa a tocar Blackbird na minha cabeça. Tu não sabe a imensidão de
loucuras que eu faria pra ser tua melhor amiga. Ouvir tuas canções antes de
todo mundo, ouvir um segredo teu, te contar um meu, te falar de todos os
garotos que já me fizeram chorar. John Lennon, acho que todo mundo conhece esse
nome, ou sabe cantarolar uma música que esse cara escreveu. Como faz pra ser
tanto? Pra ser inteiro? Pra ser verdadeiro, pra ser de alma? Juro que eu
queria, pelo menos uma vez, te falar de todas as coisas que eu penso, do
respectivo efeito que teus conjuntos de palavras têm sobre mim. Queria te falar
quantas vezes eu consegui deixar minha vida no mudo, pra poder te ouvir. Como
faz pra ser surreal? Como faz pra encantar uma geração inteira? Qual é tua
magica pra deixar uma menina de 15 anos com o coração remendado, cheia de
sonhos, de vontades e de monotonias? Setenta e quatro anos do Nove de Outubro.
Eu queria poder pelo menos uma vez, entender por que o destino é cruel com a
gente. Por que musicas tristes melhoram momentos ruins? Por que tudo vale a
pena se a gente entrega a alma? John, sei que não me perdoaria por ser gayzinha
e clichê, mas eu me odiaria se não fizesse isso: cara, tu é necessário! Tu é
urgente na minha vida. Não tem passado um dia que eu não tenha pensado em ti,
nos teus sonhos de revolucionar esse mundinho, nas tuas ideias de deixar a vida
melhor pra quem está aqui, e pra quem vem. Não passou um dia sem que eu não
tenha pedido pra Deus cuidar de ti, onde estiver, em qualquer lugar além de
dentro de mim. Tu cuida de mim todas as vezes quando diz a palavra amor no meio
daquelas canções que eu não canso de ouvir. Obrigada por ser assim, tu é o
cara. Era a setenta e quatro anos atrás, e é ainda hoje. Queria poder te ter
comigo, acho que seria engraçado e sempre diria pra eu tentar fazer mais, por
mim, antes por mim. Nunca soube muito de ti, mas foi com esse pouco que tu me
mostrou quem EU era, quem eu sou, e quem eu posso tentar ser. Pensa que louco,
eu, tu, nossos sonhos, nossas ideologias hipócritas, hoje, agora. Vivendo todo
mundo, por um só, do jeito que tu sempre quis? Pensa, pensa muito e me diz se
não valeria a pena."
Feliz aniversário! Sinto paz e vejo anjos por toda a parte, feliz aniversário.
Não é por qualquer pessoa que eu ando por ai com um óculos redondinho, meio
estranho e reparável. É por ti! E eu sei que se é por ti, vale o desafio, e a
vitória. Nunca pude te dar um tapinha nas costas e te falar que tu vai longe,
porque eu sempre soube que tu iria além do que a gente conhece e pode ver. Tu
sempre vai ser uma das partes mais bonitas da minha história. Ela não é inteira
assim, mas tu é. O maior erro do ser humano é se limitar né? Ainda bem que o
John Lennon e o eterno Nove de Outubro foram feitos pra não ter fim.
Com todo o amor do mundo, e quando eu digo mundo, eu me refiro a essa estratosfera inteira: tua eterna fã.